terça-feira, 11 de outubro de 2011

CUSTOS DE APLICAÇÕES DE FUNGICIDAS POR VIAS AÉREAS E TERRESTRES EM GRANDES CULTURAS


         O uso de fungicidas para proteger as culturas contra doenças é viável quando os agentes causais das doenças são sensíveis aos mesmos, quando esses apresentam segurança do ponto de vista ambiental e quando a sua aplicação proporciona retorno econômico. Ao utilizar um fungicida, o agricultor está se propondo a fazer um “seguro” para a sua lavoura, com vistas a garantir a produção, porém o resultado positivo vai depender das combinações entre uma série de fatores que atuam conjuntamente no campo. Por outro lado, a utilização de fungicidas implica três novos itens na planilha de custos de uma  lavoura: o custo dos produtos aplicados, o custo das operações de aplicação e o custo por dano de amassamento causado pelo tráfego das máquinas aplicadoras no campo. Em muitos casos, o custo equivalente ao amassamento assume proporções importantes. Uma alternativa para a sua redução ou eliminação pode ser a aplicação dos fungicidas por via aérea.

         No texto que segue, serão apresentados e discutidos alguns estudos de casos, nos quais foram comparados os custos e os benefícios de aplicações de fungicidas por via terrestre e por via aérea nas culturas de trigo, milho e soja.

TRIGO
         O primeiro estudo de caso refere-se a utilização do fungicida Nativo(tebuconazol + trifloxistrobina) em trigo. Duas aplicações com intervalo de 22 dias por via terrestre(volume de calda de 160 L/há) foram comparadas com duas aplicações por via aérea(atomizadores rotativos de tela- aplicações em baixo volume com adição de óleo    -BVO- a 10 e 15 L/há e barra com pontas de energia hidráulica aplicando volume de 30 L/há). O fungicida Nativo foi aplicado na dose de 0,5 L/há, sendo acrescido do adjuvante Áureo(éster metilado de óleo de soja) na concentração de 0,5% v/v nas aplicações por via aérea e de 0,5 l/há nas aplicações por via terrestre. Para aplicar os tratamentos com volume de calda de 10 e 15 L/há (BVO) por via aérea, foi acrescentado 0,5 L/há do óleo vegetal emulsificado Agróleo(éster de óleo vegetal).
         O tratamento com BVO  e volume de 15 L/há proporcionou rendimento de grãos superior á aplicação por via terrestre, que se igualou estatisticamente com o tratamento  BVO a 10 L/há e superou o tratamento por via aérea com barra e volume de calda de 30 L/há. Cabe considerar que a testemunha que não recebeu aplicações de fungicida produziu 1.266 kg/há.
          O rendimento de grãos obtido com as pulverizações por via aérea BVO a 15 l/há foi de 3.428 kg/há (548 kg/há superior as aplicações por via terrestre) o que equivale a um ganho de 9,13 sacas de 60 kg de trigo por hectare. Tomando o preço do trigo como R$ 25,00 por saca de 60 kg, isso corresponde a R$ 228,25/há. Assumindo que a pulverização por via aérea com a técnica de BVO custa R$26,00 por hectare, que o custo de uma aplicação por via terrestre é de R$10,86/há e levando em conta que foram realizadas duas aplicações de fungicidas, a diferença estimada  é de R$197,97/há a favor das aplicações por via aérea. Sob outro ponto de vista, utilizando-se a pulverização por via aérea com BVO a 15 L/há, o aumento da produção em comparação com as aplicações por via terrestre foi suficiente para pagar as duas doses de fungicida utilizadas (R$110,40/há), e ainda houve uma sobra de R$87,57/há. Ou seja, o equivalente a 3,5 sacas de 60 kg de trigo por hectare.


MILHO
          Trabalhos realizados no município de Coxilha-RS, por Costa e Boller(2008), com aplicações do fungicida Opera (Epoxiconazol + Piraclostrobina) por via aérea e por via  terrestre em milho, revelaram aumentos significativos no rendimento de grãos e ganhos consideráveis no resultado econômico da cultura. As aplicações por via terrestre foram realizadas por um pulverizador autopropelido marca Jacto modelo Uniport 2000, com capacidade volumétrica de depósito de dois mil litros, equipada com pneus de 0,31m de largura, com vão livre do solo de 1,30 m, operando 16 km/h e aplicando volume de calda de 140 L/há. Para as aplicações por via aérea, utilizou-se uma aeronave agrícola marca Ipanema, modelo EMB 201-A, equipada com oito atomizadores rotativos de tela, sendo o volume de calda aplicado de 15 L/há com adição de 0,5 L/há de óleo vegetal Adróleo.
           No primeiro experimento, com o híbrido Pionner 32R21, o fungicida foi aplicado no estágio de espigamento do milho, havendo a ocorrência de ferrugem e helmintosporiose. A testemunha sem aplicação de fungicida produziu 6.930 kg/há. O tratamento com aplicação do fungicida operando na dose de 0,75 L/há, com pulverizador terrestre autopropelido produziu 9.072 kg/há. E o tratamento com aplicação da mesma dose do fungicida por via aéra  produziu 10.690 kg/há.
           O aumento no rendimento de grãos devido ao uso do fungicida foi de 2.142 kg/há e de 3.760 kg/há, respectivamente para a aplicação por via terrestre e por via aérea. No tratamento por via terrestre, os danos causados pelo tráfego do pulverizador na lavoura  implicaram na redução do rendimento de grãos de 226 kg/há, valor já computado no resultado desse tratamento. Convertendo as produções de milho em moeda(R$20,00 por saca de 60kg) e levando em conta o custo do fungicida (R$61,50/há), da aplicação terrestre (R$11,00/há) e da aplicação aérea (R$26,00/há), obteve-se o resultado econômico da utilização do fungicida na cultura do milho. Os aumentos de receita obtidos devido a aplicação do fungicida foram de R$714,00/há  para a aplicação por via terrestree de R$1.253,00/há, quando a aplicação foi por via aérea. Descontando- se o custo do fungicida e da aplicação, restaram ganhos econômicos de R$641,50/há e de R$ 1.165,50/há, respectivamente, para a aplicação do fungicida por via terrestre e por via aérea. Ainda, no tratamento por via terrestre, o dano causado pelo amassamento das plantas de milho pelo tráfego do pulverizador foi calculado em R$75,33/há, equivalendo- se ao custo do fungicida e da sua aplicação.
              O segundo experimento foi conduzido com o hibrido Pionner 30F53 e os tratamentos com o mesmo fungicida, mesma dose e mesmo equipamentos de aplicação foram aplicados com o milho no estágio de pré-pendoamento, na presença de ferrugem. A testemunha sem aplicação de fungicida produziu 9.935 kg/há. O tratamento por via terrestre 9.980 kg/há, e o tratamento por via aérea 11.494 kg/há. Os aumentos de rendimento de grãos foram de 45 kg/há e 1.559 kg/há, respectivamente para aplicação terrestre e por via aérea. A redução de rendimento devido ao amassamento no tratamento por via terrestre, já computada no resultado do rendimento de grãos, foi de 832 kg/há, equivalendo- se, aproximadamente, ao aumento de rendimento proporcionado pelo uso do fungicida.
                Neste experimento, os resultados econômicos apontam para um prejuízo de R$63,50/há e para um ganho de R$519,67/há, respectivamente para aplicação terrestre e aérea.Os dois trabalhos demonstram os danos causados pelo tráfego de um pulverizador autopropelido e as vantagens da pulverização por via aérea na cultura do milho, quando essas são realizadas em estágios próximos ao pendoamento ou logo após, quando normalmente os fungicidas apresentam maior efeito de controle das doenças.
                 Desta forma, desde que seja utilizada tecnologia de aplicação adequada, verifica-se que a utilização de aeronaves agrícolas para pulverizações de fungicidas em culturas que se encontrem em avançados estágios de desenvolvimento(em especial após a floração) pode proporcionar economia e importantes ganhos econômicos aos produtores rurais.



SOJA
              Na cultura da soja, demonstrou que o tráfego do trator com pulverizador montado e barra de 14m reduziu o rendimento de grãos de 3,82% ou seja, 156 kg/há, o que equivale a R$130,00/há. Neste experimento, o custo de dois tratamentos com fungicida Priori Xtra(azoxistrobina + ciproconazol) foi de R$ 100,80/há, o custo das aplicações por via aérea dói de R$ 52,00/ha e das aplicações por via terrestre R$ 21,72/há.
              Computando-se as despesas (fungicida+aplicação+amassamento) com os dois tratamentos químicos, chegou-se a R$152,80/há quando foi utilizada a aeronave agrícola e a R$282,80/há com a aplicação por via terrestre. Na aplicação por via terrestre, o custo do fungicida corresponde a 35,64% do total, o custo da aplicação 7,68% e o custo equivalente a redução do rendimento de grãos devido ao amassamento 45,97%. Os resultados do trabalho mostraram, ainda, que todos os tratamentos proporcionaram rendimento de grãos significativamente superior á testemunha, evidenciando a eficiência do produto aplicado e da tecnologia de aplicação.

               Computando-se o aumento do rendimento de grãos devido ao tratamento químico e o custo dele,observou-se que em ambos os casos, a utilização do fungicida foi uma prática economicamente sustentável, porém as aplicações por via aérea proporcionaram um ganho líquido de R$375,00/há, enquanto que as pulverizações por via terrestre tiveram um ganho de R$263,00/há, indicando uma superioridade de R$112,00/há no resultado econômico quando se utiliza a pulverização por via aérea.

               Schroder(2007) comparou uma aplicação de fungicida em soja por via terrestre  com uma aplicação por via aérea. No momento da aplicação do fungicida (segundo tratamento), a soja apresentava estatura de 1,10m encontrando-se na fase de formação de vagens. Os resultados evidenciaram que os equipamentos  não influenciaram o controle das doenças, sendo avaliadas as doenças de final de ciclo e ferrugem asiática da soja.
                A naálise do rendimento de grãos revelou um ganho de 4,6% (102 kg/há) quando a pulverização foi realizada por via aérea em relação a terrestre. Para análise econômica, o autor adotou o custo da pulverização por via aéres de R$22,00/há e por via terrestre de R$11,00/há. O preço da saca de 60kg de soja foi de R$28,00 e o dano decorrente do amassamento da cultura pela roda do pulverizador automotriz foi de R$47,60/há.
                O custo da operação de pulverização terrestre somado ao custo do amassamento foi de R$58,60/há, enquanto que o custo da aplicação por via aérea, por não ocorrer amassamento foi de  R$22,00/há. A diferença foi R$36,60/há a favor da aplicação por via aérea, demonstrando novamente a vantagem desta técnica de aplicação.


A aplicação aérea já demonstrou que é viável e altamente lucrativa para o produtor, passando de uma incógnita para uma tendência para quem quer produzir mais e com qualidade, então amigos a pergunta que fica,vale a pena o amassamento?




Créditos: Walter Boller
Engenheiro Agrônomo (UPF)
Mestre em Mecanização Agrícola (UFSM)
Doutor em Energia Na Agricultura (FCA-UNESP)
Professor da UPF

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Aplicação de Defensivos




Pulverização Aérea 
  • Inseticidas
  • Fungicidas
  • Herbicidas
  • Adubos
  • Sementes

Culturas 
  • Soja
  • Milho
  • Trigo
  • Arroz
  • Feijão
  • Banana
  • Reflorestamentos
  • e outros   
Aplicações Aero-Agrícolas
Custos Operacionais Diretos, em Reais
Aeronave EMB-202 Ipanema

Descrição
AvAlc
Av-Gas
Custos Diretos
 
 
  Combustível 1
90,00
280,00
  Óleo 2
5,00
5,00
a) Combust./ Óleo Lubrif.
95,00
285,00
 
 
 
  Mão de Obra 3
12,00
12,00
  Peças de Reposição
12,00
12,00
  Reservas para Revisão
3,60
3,60
  Motor 4
41,66
41,66
  Hélice 5
4,50
4,50
  Acessórios de Motor
15,00
15,00
b) Custos de Manutenção
88,76
88,76
 
 
 
c) Total de Custos Diretos
    p/ hora (+a +b)
373,76

Custos Indiretos
 
 
  Piloto (autônomo)
60.000,00
60.000,00
  Amortização (50% em 10 anos) 6
38.500,00
38.500,00
  Juros sobre 80% do capital
  (10,75 % anual) 6
66.220,00
66.220,00
  Seguro Anual (4% do valor do bem) 6
30.800,00
30.800,00
d) Total de Custos Indiretos    (500 horas)
195.520,00
195.520,00
e) Total de Custos Ind. p/ hora
    (+ d / 500 hr.)
391,04
391,04
f) Custos Totais p/ hora
    voada (+c +e)

Dados Básicos p/ Cálculo
 
 
  (1) Consumo de combustível
90 L/h
70 L/h
  (2) Consumo de óleo (incluindo troca)
1L cada 3h
1L cada 3h
  (3) Mão de obra - custo/hora
R$ 40,00
R$ 40,00
  Volume de mão de obra aplicado
0.3 h/h vôo
0.3 h/h vôo
  (4) Tempo de Revisão do Motor
1.500 h
1.500 h
  (5) Revisão de Hélice
1.500 h
1.500 h
  (6) Valor do Bem até a data
770.000,00
770.000,00

VOLUMES DE APLICAÇÃO
TÉCNICA
l/ha
ha/h
Alto volume-AV
40-60
30-50
Baixo volume-BV
10-30
60-70
Ultra baixo volume-UBV
< 5
80-120






Atualmente os aviões agrícolas contam com sistemas DGPS (Sistemas Diferenciais de Posicionamento por Satélites) que, semelhante ao que ocorre na aerofotogrametria, pode seguir um planejamento de vôo, composto por linhas projetadas que recobrem a área a ser pulverizada. A aeronave pode ser mantida segundo estas linhas, acionando automaticamente o sistema de pulverização ao cruzar o limite da área e encerrando ao sair.
Vide a reportagem da Revista INFOGEO número 11, de jan/fev de 2000, páginas 27 e 28, intitulada: "O papel das Geotecnologias no desenvolvimento da agricultura".
 Eliminou-se assim a necessidade de pessoas sinalizando as linhas (os "bandeirinhas"), que corriam sérios riscos de intoxicação nesta tarefa. O sistema possui a capacidade de monitorar a quantidade aplicada, informando com mapas e relatórios o que foi realizado, permitindo avaliações e decisões mais eficientes por parte do piloto e do contratante. A mesmo tempo possibilita maior controle reduzindo o desperdício e a probabilidade de acidentes ambientais.
Na figura ao lado, vê-se o painel de comando de um Ipanema, sobressaindo-se pelo tamanho e posição (ao centro) um aparelho de DGPS, para indicar ao piloto a posição exata da aeronave (quando em vôo) e assim, dispensar os antigos "bandeirinhas" que ficavam no solo para indicar ao piloto a direção exata que deveria seguir para aplicar na faixa correta o agrotóxico.

Veículos Utilitários
Transporte de carga fracionada de um único produto em veículos utilitários. Em caso de produtos perigosos fracionados na mesma unidade de transporte, esta deve portar o descrito abaixo:

a) na frente: o painel de segurança, do lado do motorista. Na parte superior, deve haver o número de identificação de risco do produto, e na parte inferior, o número de identificação do produto (número de ONU, conforme Portaria do Ministério dos Transportes - Instruções complementares ao Regulamento do Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos), quando transportar apenas um produto;

b) na traseira: o painel de segurança, do lado do motorista, idêntico ao colocado na frente, e o rótulo indicativo do risco do produto, se todos os produtos pertencerem a uma mesma classe de risco;

c) nas laterais: o painel de segurança, idêntico aos colocados na frente e na traseira, e rótulo indicativo do risco do produto, colocado do centro para a traseira, em local visível, conforme regra acima.
 

Se houver mistura de produtos de número de ONU diferentes, o painel deve ser alaranjado e sem números. Para utilitários, o tamanho do painel de segurança é 22,5 x 30 cm e o rótulo de risco, 25 x 25 cm. No transporte de apenas um produto que tenha risco subsidiário, deverá ser colocado nas laterais e traseira o rótulo correspondente.

Transporte para a Fazenda
Quando um agricultor compra um agrotóxico e vai transportá-lo para a sua fazenda, também se fazem necessárias medidas de segurança. Seguem-se algumas indicações para o transporte no varejo:
  • É proibido o transporte de agrotóxicos dentro das cabines de veículos automotores ou dentro de carrocerias quando esta transportar pessoas, animais, alimentos, rações, etc.
  • O transporte de agrotóxicos acima da quantidade isenta exige que o motorista seja profissional e tenha curso para transporte de produtos perigosos.
  • Embalagens que contenham resíduos ou que estejam vazando não devem ser transportadas.
  • Para pequenas quantidades de agrotóxicos, o veículo recomendado é do tipo caminhonete, onde os produtos devem estar, preferencialmente, cobertos por lona impermeável e presos à carroceria do veículo.
  • Acondicionar os agrotóxicos de forma a não ultrapassarem o limite máximo da altura da carroceria.
  • Ao transportar qualquer quantidade de agrotóxicos, levar sempre consigo as instruções para casos de acidentes, contidas na ficha de emergência do produto.
  • Uma caixa fechada pode ser usada para separar pequenas quantidades de produtos fitossanitários, quando misturados com outro tipo de carga.
Ao transportar qualquer quantidade de agrotóxicos, levar sempre consigo as instruções para casos de acidentes, contidas na ficha de emergência do produto. Em caso de acidentes, devem ser tomadas medidas para evitar que possíveis vazamentos alcancem mananciais de águas ou que possam atingir culturas, pessoas, animais, depósitos ou instalações, etc. Deve ser providenciado o recolhimento seguro das porções vazadas. No caso de derramamento de grandes quantidades, devem ser avisados o fabricante e as autoridades locais, e deve-se seguir as informações contidas na ficha de emergência
GRUPO GETA PESQUISA APLICAÇÃO AÉREA DE FUNGICIDAS EM ARROZ


Eugênio Passos Schroder, Schroder Consultoria




A aplicação aérea de fungicidas em lavouras de arroz irrigado é cada vez mais frequente no sul do Brasil. Na última safra agrícola, cerca de 800 mil hectares foram pulverizados para proteger as lavouras das principais doenças, como a brusone, mancha parda e escaldadura da folha.


 A recomendação de entidades oficiais para o emprego desta tecnologia era inexistente ou muito restritiva, o que fazia com que os rótulos e bulas dos fungicidas não recomendassem a aplicação por via aérea, ou indicassem tecnologias de uso restrito, como a obrigatoriedade de bicos cônicos, não uso de atomizadores rotativos, elevados volumes de calda por hectare, etc.
Tal fato resultava em conflitos em campo entre os revendedores dos fungicidas e as empresas aplicadoras, trazendo prejuízos para as aviações agrícolas.
O Grupo Geta – Grupo de Estudos em Tecnologia de Aeroaplicação, formado por empresas e profissionais ligados ao setor aeroagrícola, foi criado a partir de um painel técnico realizado no auditório da Casa do Plantio Direto, na Expodireto Cotrijal 2007, onde este tema foi debatido. Os objetivos do grupo são a troca de informações e geração de novas técnicas de aplicação aérea.
A linha de pesquisa inicial do Grupo Geta é aplicação aérea de fungicidas em arroz irrigado no Rio Grande do Sul. Na safra 2008 foram instalados dois experimentos de campo nas Granjas 4 Irmãos, município de Rio Grande, no ano 2009 foram conduzidos dois ensaios na Granja Predebon, em São Gabriel, e em 2010 um ensaio em Camaquã.
As pesquisas tiveram a coordenação científica do professor Ivan Francisco Dressler da Costa, fitopatologista da Universidade Federal de Santa Maria, e a coordenação operacional do engenheiro agrônomo Eugênio Passos Schroder, diretor da Schroder Consultoria. O grupo contou com o apoio do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola, Taim Aero Agrícola, Aeroagrícola  Gabrielense, Granjas 4 Irmãos, Granja Predebon, Centro Brasileiro de Bioaeronáutica, Bayer CropScience, Basf, Dow Agrociences e Syngenta. No ano de 2010 os trabalhos contaram com a participação da Universidade Federal de Pelotas, através do Prof. Alci Loeck, orientando uma tese de doutorado.
Foram avaliados diversos equipamentos geradores de gotas de pulverização (bicos cônicos, leques, eletrostáticos e atomizadores rotativos), volumes de calda aquosa e oleosa (5, 6, 10, 15, 20 e 30 L/ha), fungicidas recomendados para doenças das folhas e grãos do arroz. Foram adotadas técnicas modernas como imagens digitalizadas de gotas capturadas em cartões de papel sensível à água e cromatografia dos fungicidas depositados sobre as plantas de arroz.
Os resultados geraram uma dissertação de mestrado e cinco artigos científicos, apresentados no VI Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, em Porto Alegre. Esta grande produção científica, em apenas dois anos de trabalho de campo, é uma mostra contundente do empenho dos pesquisadores em produzir informações técnicas confiáveis e com brevidade, para que possam ser utilizadas pelos aplicadores nas futuras pulverizações aéreas de fungicidas.
Os resultados gerais indicam que todos os equipamentos testados podem ser utilizados para pulverizar fungicidas em arroz, com ampla gama de taxas de aplicação, cabendo à empresa aplicadora monitorar as condições ambientais no momento de cada aplicação e selecionar qual a técnica mais apropriada.
O aumento de produtividade de arroz com o uso de fungicidas aplicados por via aérea foi, na média dos quatro experimentos, de 1767 kg/ka (que corresponde a aproximadamente 35 sacos por hectare), muito vantajoso frente a um custo de tratamento (produto + aplicação) de cerca de três sacos por hectare.
A maior conquista do projeto foi a aprovação da nova recomendação oficial de aplicação aérea para fungicidas em arroz. A Universidade Federal de Santa Maria, através do professor Ivan Costa, submeteu à Comissão Técnica de Arroz Irrigado uma proposta de recomendação técnica durante o VI Congresso de Arroz Irrigado. A comissão considerou válidos os resultados das pesquisas do Grupo Geta e aprovou, por unanimidade, a nova recomendação oficial de uso desta técnica, que pode ser acessada no site da Sociedade Brasileira de Arroz Irrigado (http://www.sosbai.com.br/cbai2009/recomendacao.pdf).