GRUPO GETA PESQUISA APLICAÇÃO AÉREA DE FUNGICIDAS EM ARROZ |
Eugênio Passos Schroder, Schroder Consultoria A aplicação aérea de fungicidas em lavouras de arroz irrigado é cada vez mais frequente no sul do Brasil. Na última safra agrícola, cerca de 800 mil hectares foram pulverizados para proteger as lavouras das principais doenças, como a brusone, mancha parda e escaldadura da folha. A recomendação de entidades oficiais para o emprego desta tecnologia era inexistente ou muito restritiva, o que fazia com que os rótulos e bulas dos fungicidas não recomendassem a aplicação por via aérea, ou indicassem tecnologias de uso restrito, como a obrigatoriedade de bicos cônicos, não uso de atomizadores rotativos, elevados volumes de calda por hectare, etc. Tal fato resultava em conflitos em campo entre os revendedores dos fungicidas e as empresas aplicadoras, trazendo prejuízos para as aviações agrícolas. O Grupo Geta – Grupo de Estudos em Tecnologia de Aeroaplicação, formado por empresas e profissionais ligados ao setor aeroagrícola, foi criado a partir de um painel técnico realizado no auditório da Casa do Plantio Direto, na Expodireto Cotrijal 2007, onde este tema foi debatido. Os objetivos do grupo são a troca de informações e geração de novas técnicas de aplicação aérea. A linha de pesquisa inicial do Grupo Geta é aplicação aérea de fungicidas em arroz irrigado no Rio Grande do Sul. Na safra 2008 foram instalados dois experimentos de campo nas Granjas 4 Irmãos, município de Rio Grande, no ano 2009 foram conduzidos dois ensaios na Granja Predebon, em São Gabriel, e em 2010 um ensaio em Camaquã. As pesquisas tiveram a coordenação científica do professor Ivan Francisco Dressler da Costa, fitopatologista da Universidade Federal de Santa Maria, e a coordenação operacional do engenheiro agrônomo Eugênio Passos Schroder, diretor da Schroder Consultoria. O grupo contou com o apoio do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola, Taim Aero Agrícola, Aeroagrícola Gabrielense, Granjas 4 Irmãos, Granja Predebon, Centro Brasileiro de Bioaeronáutica, Bayer CropScience, Basf, Dow Agrociences e Syngenta. No ano de 2010 os trabalhos contaram com a participação da Universidade Federal de Pelotas, através do Prof. Alci Loeck, orientando uma tese de doutorado. Foram avaliados diversos equipamentos geradores de gotas de pulverização (bicos cônicos, leques, eletrostáticos e atomizadores rotativos), volumes de calda aquosa e oleosa (5, 6, 10, 15, 20 e 30 L/ha), fungicidas recomendados para doenças das folhas e grãos do arroz. Foram adotadas técnicas modernas como imagens digitalizadas de gotas capturadas em cartões de papel sensível à água e cromatografia dos fungicidas depositados sobre as plantas de arroz. Os resultados geraram uma dissertação de mestrado e cinco artigos científicos, apresentados no VI Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, em Porto Alegre. Esta grande produção científica, em apenas dois anos de trabalho de campo, é uma mostra contundente do empenho dos pesquisadores em produzir informações técnicas confiáveis e com brevidade, para que possam ser utilizadas pelos aplicadores nas futuras pulverizações aéreas de fungicidas. Os resultados gerais indicam que todos os equipamentos testados podem ser utilizados para pulverizar fungicidas em arroz, com ampla gama de taxas de aplicação, cabendo à empresa aplicadora monitorar as condições ambientais no momento de cada aplicação e selecionar qual a técnica mais apropriada. O aumento de produtividade de arroz com o uso de fungicidas aplicados por via aérea foi, na média dos quatro experimentos, de 1767 kg/ka (que corresponde a aproximadamente 35 sacos por hectare), muito vantajoso frente a um custo de tratamento (produto + aplicação) de cerca de três sacos por hectare. A maior conquista do projeto foi a aprovação da nova recomendação oficial de aplicação aérea para fungicidas em arroz. A Universidade Federal de Santa Maria, através do professor Ivan Costa, submeteu à Comissão Técnica de Arroz Irrigado uma proposta de recomendação técnica durante o VI Congresso de Arroz Irrigado. A comissão considerou válidos os resultados das pesquisas do Grupo Geta e aprovou, por unanimidade, a nova recomendação oficial de uso desta técnica, que pode ser acessada no site da Sociedade Brasileira de Arroz Irrigado (http://www.sosbai.com.br/cbai2009/recomendacao.pdf). |
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